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Centro Capelo Gaivota é pioneiro no atendimento a alunos especiais

Crédito: Divulgação

Apesar do aumento do número de crianças matriculas nas escolas regulares públicas ou privadas, ainda são grandes os desafios encontrados pelas crianças com necessidades especiais. Os problemas vão desde as barreiras arquitetônicas, até a necessidade de uma mudança efetiva para que se chegue a uma escola realmente inclusiva, que garanta o atendimento à diversidade das crianças. Em Montes Claros, o Centro educacional Capelo Gaivota desenvolve um trabalho com essas crianças, com o objetivo de garantir uma aprendizagem de qualidade.

Segundo Clarissa Garcia de Araújo, fisioterapeuta, o Centro foi fundado no dia 30 de março de 1978. Foi a primeira escola especial instalada em Moc para atender essa demanda. Possui atualmente 397 alunos, tanto da rede regular de ensino como do próprio Centro, da educação infantil até a 8ª série do ensino fundamental.

O atendimento, conforme a fisioterapeuta, é gratuito. No Capelo Gaivota os professores são especializados em educação especial, para terem noção e saberem como lidar com as deficiências.

- Nós temos alunos com diversas deficiências aqui na escola, desde deficiência auditiva, mental, com deficiências múltiplas que é a ocorrência de duas ou mais deficiências presentes em uma pessoa, transtornos globais, como alunos autistas e com algum tipo de síndrome, entre outras doenças, só não temos alunos com deficiência visual – afirma.

De acordo com Clarissa, Montes Claros possui quatro escolas especiais, divididas em nucleações, onde cada uma é responsável por uma região da cidade, o Capelo atende às escolas da região sul da cidade. A fisioterapeuta informa que as crianças passam por uma triagem através de uma equipe multidisciplinar, composta por psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos, psicopedagogos e assistentes sociais.

- Detectado a necessidade de a criança receber uma educação especial e um atendimento clínico é encaminhado ao centro. As crianças que já estão incluídas nas escolas regulares, recebem atendimento no período inverso às aulas, como continuação de um processo de estímulo na sociedade.

APRENDIZAGEM

Segundo ela, as escolas estão mais abertas a esta nova realidade a partir de 2006, já existe um processo de acompanhamento, no qual o centro educacional Capelo Gaivota também desempenha nas escolas regulares.

- Temos professores que visitam as escolas observando as necessidades e trazendo alunos com dificuldades para nossa escola. Vejo que apesar dessa inclusão, ainda há certa discriminação e dificuldade por parte dos alunos especiais, pois agora que os professores estão sendo capacitados para atender a demanda desses alunos – ressalta.

Ela ainda diz que o centro educacional Capelo Gaivota realiza cursos de aperfeiçoamento e de treinamento para os professores interessados em aprender.

De acordo com ela, o centro tem toda a liberdade de orientar e passar as diretrizes de ensino a esses professores. A fisioterapeuta afirma que o conteúdo trabalhado na escola é o mesmo das escolas regulares, mas com as adaptações necessárias de acordo com as deficiências dos alunos.

- Temos que pensar que o deficiente é uma pessoa que também tem habilidades que precisam ser desenvolvidas e valorizadas, tem que focar nisso para que ele possa desenvolvê-las, pois todos nós deficientes ou não temos nossas habilidades e dificuldades – enfatiza.

Clarissa diz que existem exemplos claros de crianças de nove a dez anos que não eram alfabetizados, por isso há no Capelo, uma sala de recursos onde estas crianças são estimuladas a aprender, cita ainda que em algumas escolas regulares já exista essas salas de recursos.

- Nós tentamos acelerar aprendizagem aqui no centro para que os nossos alunos possam acompanhar a matéria e os conhecimentos aplicados na escola regular, para não se sentirem desestimulados, pois sabemos também que existem nas escolas os alunos que se destacam mais e os que se destacam menos – diz.

Os alunos do Centro Educacional Capelo Gaivota, além de aprender se divertem muito, é o que contam as alunas Priscila Félix e Maria Eloísa da Silva.

- Gosto muito daqui, aprendo sobre todas as disciplinas e ainda faço amigos, está sendo muito bom estudar aqui – afirma Priscila.

Para Priscila Félix e Maria Eloísa da Silva, a escola é um espaço para aprender e fazer amizades.

- Aprendo muito aqui na escola, coisas que sei que vou levar para vida toda, como meus amigos e o ensino que adquiri aqui – informa Maria Eloísa.

Além das aulas aplicadas no centro, Clarissa diz que são desenvolvidas no centro educacional, oficinas de artesanato, embalagens e de horticultura, onde a escola tem sua própria horta, e também o projeto clube das mães. Onde as mães dos alunos podem desenvolver trabalhos manuais e artesanais, que estiveram em exposição no Ibituruna Shopping, de 18 h da tarde às 22 h da noite, a exposição começou do dia 02 de julho com duração até este sábado, dia 04.

- Esse projeto surgiu a partir da dificuldade que essas mães enfrentavam, eles vinha trazer seus filhos para estudar, mas não tinham condições financeiras para voltar para suas casas e depois para escola para buscá-los. Os alunos daqui recebem carteirinhas para andarem nos meios de transporte da cidade gratuitamente e as mães quando acompanhadas por seus filhos também, mas a volta para casa que era o problema – explica.

A fisioterapeuta revela que o Brasil ainda tem que melhorar muito na educação especial.

NECESSIDADES

Clarissa diz que a principal dificuldade do centro educacional Capelo Gaivota hoje, é a falta de apoio para realizar mudanças estruturais na escola. Segundo ela, os funcionários do centro que tem que correr a todo o momento para alcançar os objetivos. Clarissa diz que não há o apoio municipal e nem estadual nesses quesitos, a prefeitura ajuda segundo ela, cedendo professores da rede pública e estadual à escola.

- Como atendemos além dos nossos alunos, os alunos das escolas regulares, deveríamos ter um apoio maior do que a prefeitura nos dar para podermos melhorar o espaço físico do nosso centro educacional e ter uma ajuda maior para atender as nossas necessidades – afirma.

A fisioterapeuta revela que os profissionais da saúde são pagos pelos serviços prestados ao centro através da verba filantrópica da escola, e que essa verba não é suficiente para bancar as necessidades que surgem a todo o momento na escola.

- O que estamos precisando com urgência é de um elevador para a nossa clínica que foi criada desde 1985 por mérito e esforço dos funcionários aqui do centro. A entrada da clínica é independente da escola, mas não pode ser utilizada devido a nossa falta de recurso para comprar os equipamentos necessários. Não há possibilidades de existir barreiras arquitetônicas na clínica devido às deficiências dos nossos pacientes – diz.

De acordo com ela, para se construir uma rampa que desse acesso à clínica, o valor seria muito alto e ela deveria ter uma angulação perfeita e circular todo o prédio do centro. O elevador seria a solução ideal, mas ainda sim é caro e impossível para o centro arcar com as despesas.

De acordo com Clarissa, além do elevador seria de grande ajuda que a clínica tivesse um convênio com a secretaria de saúde, para ajudar no atendimento dos pacientes de maneira mais ágil, mas ainda segundo ela, nunca conseguiram a parceria devido a empecilhos burocráticos.

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Paula Machado


07 de julho de 2009


Jornal O Norte


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